Ainda bem que o Thor não bebe

Rogério Antônio Lopes

Na noite do sábado dia 17, Thor o filho mais velho do “arqui-bilionário” Eike Batista, atropelou o ciclista Wanderson Pereira dos Santos na Rodovia Washington Luis em Xérem Duque de Caxias. Wanderson que dirigia uma bicicleta avaliada em duzentos e cinquenta reais morreu e Thor que dirigia uma Mercedes SLR Mc Laren avaliada em mais de dois milhões de reais não corre risco de vida.
Logo após o fato o carro foi liberado pelo delegado sem ser submetido a perícia, a imprensa já informou que os documentos de Thor e do veículo estavam todos em ordem e que ele não seria indiciado por homicídio, como de fato não foi.
Thor foi na missa de sétimo dia do falecido, que segundo informações veiculadas em vários meios de comunicação teria sido o culpado do evento, pois atravessou inopinadamente a via.
Pelo andar da carruagem, é possível que Wanderson seja indiciado post mortem por “tentativa de homicídio culposo”, afinal ele quase causa a morte de Thor e do amigo que estavam a bordo da Mercedes SLR Mc Laren quando bateram na bicicleta.
Nos últimos 18 meses, Thor acumulou 51 pontos na Carteira de Habilitação, ou seja, não poderia estar dirigindo. No final do ano passado, atropelou outro ciclista, desta feita pilotando uma Audi, conforme informou Alcelmo Gois em sua coluna no Jornal O Globo.
Atropelamentos ocorrem todos os dias pelo país, mas este chamou a atenção: primeiro porque o motorista tem nome de deus e  segundo seu pai é o homem mais rico do Brasil, o sétimo mais rico da terra, décimo primeiro mais rico do sistema solar e vigésimo segundo mais rico da galáxia.
Toda essa “constrangedora destemperança e pressa” nas informações sobre o ocorrido, com uma clara inclinação em inocentar o filho de Eike e jogar toda a responsabilidade sobre o bicicleteiro, configura-se um enorme desrespeito à vítima e sua família, que como se sabe não são bilionários mas tem o direito de ver o caso ser apurado com o mínimo de  equidade.
Não há que se imputar culpabilidade sobre a conduta do “garoto deus”, por ter nascido em “berço de ouro”, por outro lado é no mínimo acintoso querer blindá-lo como se tivesse sido vítima do Wanderson.
O estado em que ficou o carro conduzido por Thor, pode ser um indicativo da velocidade imprimida na hora do acidente, fato que deveria ser melhor avaliado durante a investigação (inclusive na perícia já prejudicada) antes de qualquer declaração.
Logo depois do acidente, Thor foi submetido a exame bafométrico que restou negativo, diante do que Eike um tanto “emproado” disse que ‘Thor foi exemplar e não bebia graças a Deus”, isso realmente é muito importante na apuração dos fatos e para todo o contexto do ocorrido, o pai e a família do falecido Wanderson também devem estar exultantes: ainda bem que o Thor não bebe.

Rogério Antônio Lopes é delegado da Polícia Civil
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