Jovem atropelado por viatura da PM quer prótese e voltar a trabalhar

O estoquista Fábio Júnior Brandão dos Santos, 19, que teve a sua perna amputada na quarta-feira, 30, depois de ser atropelado por uma viatura da Polícia Militar, já recebeu alta hospitalar e se recupera do acidente em sua casa em Jacarezinho. Ele deixou a Santa Casa de Misericórdia no domingo, 2. O jovem disse que pretende retomar a sua vida e que vai tentar conseguir uma prótese para poder voltar a trabalhar.
Fábio dos Santos foi atropelado depois de ser perseguido por uma viatura da PM que o confundiu com um traficante na Vila São Pedro, também em Jacarezinho. O rapaz voltava do trabalho para casa em uma moto que pertence a um parente, quando foi surpreendido pela viatura. Na perseguição, segundo a sua versão, a viatura o atropelou quando ele já tinha descido da moto e aguardava a abordagem em pé na calçada. A PM informou que o jovem trafegava em alta velocidade e não atendeu as ordens para parar e que o acidente aconteceu depois que o motociclista caiu da moto.
Em casa ele explicou que quer conseguir logo a prótese para poder voltar a fazer o que mais gosta: trabalhar. Quero voltar a andar e retomar a minha vida. Voltar ao meu trabalho sem depender de ninguém, disse o rapaz. No entanto, o jovem revelou que não tem condições de comprar uma perna mecânica. Segundo ele, os modelos mais simples custam entre R$ 15 mil e R$ 20 mil e nem ele nem sua família dispõem desse dinheiro. Fábio dos Santos espera a ajuda de amigos e da comunidade em geral para poder adquirir a prótese.
Enquanto aguarda, ele está sob os cuidados da mulher, Daniele Soares, que conseguiu uma licença especial no supermercado onde trabalha com o marido. No entanto essa licença vence na próxima segunda-feira, 10, e a partir daí o rapaz terá que depender da ajuda de outros parentes para manter a rotina da sua recuperação. Mas eu estou bem. Os médicos disseram que eu vou me recuperar. O que mais quero mesmo é voltar a trabalhar, reiterou.
Fábio dos Santos também revelou que até agora nenhum representante da Polícia Militar o procurou, nem mesmo para ouvi-lo sobre como o acidente aconteceu. Nenhum policial, nem militar nem civil veio me procurar. Sequer para saber como eu estava ou se precisava de alguma coisa. Durante todo esse tempo só recebi a solidariedade da minha família, de amigos e dos médicos da Santa Casa.
Ontem, o delegado Juliano Fonseca que responde temporariamente pela 12º Subdivisão Policial, não soube informar se a Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso. Também ontem o promotor de Justiça da Vara Criminal, Hugo Napoli Leoni Cunha disse, através da assessoria de imprensa do Ministério Público do Paraná, que investigações na esfera militar só podem ser acompanhadas pelo titular da Vara de Auditoria da Justiça Militar, que ainda não foi comunicado sobre o caso.

Envolvidos são transferidos e ganham férias

Os dois policiais envolvidos na perseguição que terminou com o acidente que vitimou Fábio Júnior Brandão dos Santos oficialmente não foram afastados das suas funções. Um deles foi transferido a pedido e não está mais em Jacarezinho e o outro cumpre férias. O comando da PM não revelou qual deles deixou a cidade e qual ganhou o período de descanso. Conforme reportagem da Tribuna do Vale publicada na sexta-feira, 30, os policiais envolvidos no acidente são o cabo André e soldado Vinicius.
Ontem o comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Antônio Carlos de Morais disse que designou o tenente Marciano Corsini para presidir o inquérito militar aberto para investigar o acidente. Segundo o comandante, o inquérito tem 30 dias para ser concluído podendo ser prorrogado por mais 30 dias.
Morais também explicou porque a PM ainda não procurou a vítima do acidente. Segundo ele, como o caso gerou repercussão a PM prefere ouvir Fábio dos Santos oficialmente no inquérito.

 Fonte:Marco Martins
Foto:Antonio de
Picolli
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