Agricultura familiar faz de Uraí a maior produtora de manga do Paraná

 

Do alto dos seus quase 80 anos, José Bueno é considerado uma lenda em Uraí, cidade de pouco mais de 11 mil habitantes no Norte do Paraná. Uma história verídica e que transformou a vida da família há cerca de 30 anos, deu origem à fama que ele carrega com muito orgulho – e faz questão de contar para quem se dispõe a prosear com o veterano agricultor.

“Eu nasci em Uraí. Comprei um terreno de dez alqueires com a cara e a coragem e plantei 4 mil pés de abacate. Mas não deu muito certo. Precisava vender dez quilos da fruta para tomar uma cachaça, copo pequeno ainda por cima. Arranquei tudo e plantei manga”, diz, com riso solto.

A mudança de cultura transformou a vida dos Buenos de um modo que nunca mais faltou dinheiro para bebericar aquela pinguinha para “abrir o apetite” – nem para criar os filhos, um time com três homens e três mulheres. “A manga me deu tudo. Cheguei a amanhecer na roça, em cima de um trator, para juntar um troquinho e cuidar da família”, recorda.

José tem 1,5 mil pés de manga na propriedade, divididos em três variedades: tommy, palmer e kent. Em um dia bom, conta, chega a colher 500 caixas de 20 quilos da fruta, sempre de novembro a março, o que gera emprego temporário para cerca de dez pessoas.

“Rende 5 mil caixas, que encaminho quase que na totalidade para a Ceasa de Curitiba”, afirma o ex-vereador que diz conhecer Uraí como a palma da mão.

DESTAQUE – A plantação da família Bueno ajuda a fazer de Uraí a cidade que mais produz manga no Paraná. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) foram 594 toneladas em 2020, espalhados por 33 hectares de terra.

É mais do que o dobro de Siqueira Campos, no Norte Pioneiro, segunda maior produtora, que mandou para o mercado 270 toneladas de manga no mesmo período.

A manga conquista cada vez mais espaço na busca por uma alimentação saudável. A fruta possui vitaminas A e C, magnésio, potássio, polifenóis como mangiferina, canferol, ácido benzoico e fibras. Entre outras ações, ajuda a combater inflamações, fortalecer o sistema imunológico e reduzir o risco de doenças cardiovasculares. “Além de ser muito saborosa”, ensina Bueno.

“A fruta tem uma grande importância para o município. Fez de Uraí o polo no Estado, gerando emprego e renda, e tendo a agricultura familiar como base”, diz o chefe regional da Seab de Cornélio Procópio, Fernando Itimura.

Agricultura familiar que movimenta as propriedades de Fernando Vitorio Narante, de 41 anos. Ele administra diferentes áreas que, somadas, abastecem o Paraná por meio de 2.300 pés de manga (tommy, palmer e espada). “Estou há dez anos mexendo com a manga, sempre baseada na agricultura familiar, com ajuda dos filhos. Somente na colheita que chamamos de seis a sete pessoas para ajudar”, afirma.

NO PARANÁ – De acordo com a Secretaria da Agricultura e Abastecimento, o Paraná produziu 7,1 mil toneladas da fruta no ano passado.

“Já temos casos de sucesso, mas a fruticultura pode ocupar um espaço mais qualificado e importante na composição da renda das famílias, e esse é o nosso desafio”, afirma o secretário Norberto Ortigara. “Existe uma infinidade de espécies que podem ser cultivadas no Paraná com muita competência e atender indústrias de alimentos e cosméticos, por exemplo”.

A colheita de 2021 deve ficar um pouco abaixo do registrado no ano passado por causa de questões climáticas. “Faltou chuva, aí a florada não veio tão bonita”, explica Narante.

Nada, porém, que tire o bom humor do velho plantador de manga. “Antigamente a vida era difícil, agora estou bem sossegado”, diz Bueno, com a sabedoria de quem costuma “palestrar” sobre a fruta pelas ruas de Uraí.

Sindicato Rural quer juros menores para o custeio da safra 2023

 

O gerente da Carteira Agrícola do Banco do Brasil, Weverton Castor, visitou neste fim de semana a sede do Sindicato Rural Patronal de Santo Antônio da Platina, onde foi recebido pelo presidente, José Afonso Junior. A agência platinense é a maior do Norte Pioneiro com cerca de dez mil correntistas e atende também a região.

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Na oportunidade, o dirigente, ex-deputado, ex-secretário de Estado e ex-prefeito local, debateu sobre o momento econômico e as expectativas diante do primeiro semestre das linhas mestras da economia do recém-iniciado governo federal.

A função de Castor, que cuida dos créditos agrícolas para todos os produtores rurais, é tratar do assunto com as lideranças do segmento.

O Ministério da Agricultura pretende reduzir juros no próximo Plano Safra, referente a 2023/24, mas para isso a Secretaria de Política Agrícola, em meio a embates do presidente Lula o com o Banco Central sobre o nível adequado da taxa e preocupações com a inflação, o tema foi esmiuçado por Junior Afonso com o profissional bancário.

O patamar da taxa básica de juros do país, a Selic, no nível de 13,75% ao ano definido pelo Banco Central, é temerário para quem planta, segundo Afonso.

No agronegócio, o Plano Safra 2022/23 conta com taxas de juros entre 5% e 6% ao ano para o Pronaf (Programa da Agricultura Familiar), enquanto os médios produtores possuem tarifas de 8% ao ano.

Num programas como o da ABC (Agricultura de Baixo Carbono) e a PCA (linha de crédito que financia armazéns agrícolas) os juros podem chegar a 8,5% ao ano.

“Precisamos continuar produzindo e, se possível, crescendo, seja no soja. feijão, cana ou milho,  e o BB vai nos auxiliar no custeio, seguro agrícola, juros menores para o plantio, entre outros”, observou, categórico, o presidente.

Custeio agrícola (ou custeio rural) é uma modalidade de Crédito Rural voltada para custear as despesas normais da produção da agricultura e da pecuária. Ele é oferecido por bancos e instituições financeiras, e possui diversas linhas de crédito.



FONTE: NPDIÁRIO