ARTIGO: As vozes num salão vazio

Há alguns anos eu trabalhava numa Câmara Municipal. Além das suas atividades legislativas que são desenvolvidas diariamente, os prédios do Poder Legislativo acabam sendo usados entre as situações para o velório de personalidades da cidade (como ex-prefeitos, ex-vereadores ou pessoas famosas).

 

Neste ano em questão, em um final de semana aconteceu o velório de um ex-vereador muito querido na cidade e muitas pessoas estiveram no espaço. Na segunda-feira à noite era o momento da sessão. Naquela ocasião cheguei antes de todo mundo. O prédio ainda estava escuro, sem nenhuma luz, indo em direção ao recinto para ligar as luzes.

 

Escutei um barulho estranho. Cinco segundo depois começou uma oração do pai nosso. As pessoas que já leram artigos anteriores, sabem que muitas vezes sou desligado. Eu comecei a rezar junto. Logo em seguida iniciou uma oração ‘Ave Maria’. Continuei na oração. Acho que na terceira oração que me toquei que estava sozinho, num espaço escuro e fechado.

 

Parei. Respirei. Liguei para um amigo que trabalhava na Câmara Municipal que já estava próximo. Entramos juntos no prédio e as orações continuava. Eis que após procurar descobrimos que era nas caixinhas de som. Mais tarde ficamos sabendo que a rádio local (que transmitia a sessão ordinária) teve uma interferência com o sistema da câmara e estava transmitindo ao vivo a oração do rosário.


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Marcos Júnior é jornalista formado em 2007 e responsável pelo Blog do Marcos Junior que já passou de 18 milhões de acessos

ARTIGO 29: Aqueles causos do período eleitoral

 

O ano de 2024 será marcado por mais uma eleição municipal com a escolha de novos prefeitos e vereadores para governar cada uma das mais de 5 mil cidades brasileiras. Mas o interessante é lembrar de algumas pérolas.


Parado em frente à uma prefeitura, vi um moto-taxi estacionar e deixar uma pessoa. Naquele momento lembrei de uma situação que não foi comigo, mas o próprio candidato em questão na época me contou com uma cara de indignação. 


Num tempo (não tão distante) que as chamadas para esses serviços muitas vezes eram através de orelhão e pelo famoso 9090, ou seja, ligação a cobrar (os mais novos podem se sentir perdidos). Numa noite fria do final de julho (as campanhas eleitorais duravam 90 dias) o telefone de um estabelecimento toca e a moto é solicitada.


O motoqueiro em questão era candidato a vereador e vai buscar a cliente. Durante a corrida, após alguns momentos ele pergunta sobre as eleições e um candidato (no caso ele). A mulher diz: “Um sacana. Quer ser candidato. Nem bom dia fala para os outros na rua e anda com o vidro fechado no seu carrão". Ele parou a moto todo estressado e mandou a nobre moça descer. 


Na ocasião eu abri os olhos numa expressão de susto e disse: "Não creio. Se você quer entrar na politica...". Ele olha revoltado e me interrompe: "O problema não foi falar de mim. Mas sim que nem carro eu tenho e falando como se eu fosse outra pessoa".




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Marcos Júnior é jornalista formado em 2007 e responsável pelo Blog do Marcos Junior que já passou de 15 milhões de acessos

ARTIGO 28: A pergunta errada às 3 horas

 


Esse conto aconteceu em dezembro de 2009, ou seja antes do meu acidente. Mas é aquela situação que você nunca esquece. Precisava ir até uma cidade do Rio Grande do Sul (934 km de distância), naquela época os celulares não tinham Google maps e nem waze.

Você tinha duas opções para encontrar o caminho. O primeiro poderia comprar um guia de mapas numa papelaria ou o segundo imprimir num site especializado (tipo o da quatro rodas). Por via das dúvidas fiz os dois.

A viagem começou num sol quente de meio-dia. Estrada, estrada e mais estrada. Vendo pontos interessantes (para quem gosta de dirigir é uma aventura). Mesmo parando num posto para cochilo por uma hora e 'esticar as pernas', parecia que não chegava nunca ao destino.

Já eram 3 horas do outro dia. Um baita de um trevo com uma placa que indicavam apenas dois caminhos. E no mapa que eu tinha, os dois destinos apontados eram totalmente contrário do destino final (até parei o carro para ver o mapa).

Algo que sempre tive em mente que a estrada para a capital de Estado deve ter um movimento maior. Então peguei o destino para Porto Alegre (mesmo sendo teoricamente ao contrário do que iria), mas pelo menos teria mais chance de encontrar algum local para informação.

Passados 500 metros (mais ou menos) vi um posto da Polícia Rodoviária. Suspirei aliviado, pois nada mais confiável que uma informação daquele local.

Parei o carro e vi pela janela um policial digitando no computador (imagino que seria alguma ocorrência, pois tinham fotos e relatórios). Todo calmamente a conversa foi exatamente assim:

EU: Boa noite!

POLICIAL: Boa noite (no melhor estilo gauchês)

EU: Preciso de uma informação. Para a cidade tal?

POLICIAL: Este é o carro que o senhor está?

EU: Sim senhor.

POLICIAL: Está na direção correta.

EU: Então é só seguir reto (no auge dos meus 20 anos sempre ouvi esta frase)

POLICIAL (com os seus olhos novamente no computador): O senhor por favor faça as curvas. Pois imagine ter que deslocar uma viatura às 3 horas pelo fato do senhor querer ir só reto.

Eu fiz o que qualquer pessoa sensata faria. Entrei no carro e pensei comigo... Tomou distraído...


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ARTIGO 27: Mas só o 'Bloguezinho'


Precisamos aprender que os obstáculos são necessários em nossas vidas. Parece bobagem né? Mas com eles podemos aprender a superar as dificuldades que a vida nos apresenta.


Em julho de 2016 voltei a dedicar exclusivamente ao Blog. Mesmo sendo um jornalista com nove anos após o diploma, a sensação de começar ou retomar um projeto é algo diferente, até mesmo estranha.


Mas a tristeza maior é quando percebe que o cargo que você ocupa pode se tornar maior que você. Como era o jornalista de uma prefeitura, muitos idenficavam com o nome 'Marcos jornalista da Prefeitura".


Na primeira semana com somente o Blog uma pessoa me diz: "Nossa. Você está só com esse Bloguezinho? Mas não tá trabalhando?". A frase mais motivacional que poderia ter ouvido.


Com o tempo, o blog foi criando histórias e raízes (coisas a serem contadas no futuro). Atualmente ele está com mais de 15 milhões de acessos e com visualizações em vários pontos do Estado do Paraná.


Lembra da pessoa? Seis anos depois me diz: Preciso de um favor. Poderia divulgar uma coisa no seu blog. Respondo: o Bloguezinho?



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ARTIGO 26: A vida é feita de escolha, mas as vezes precisamos repensar

 

Um dos maiores pensamentos que eu tenho na vida é o resultado de uma situação só depende de nós. Mesmo que ela seja a pior possível, podemos tirar uma lição que deveremos usar futuramente. Esta é a uma filosofia de vida que sigo.

 

Em janeiro de 2013, o então prefeito eleito do município de Jacarezinho, Dr. Sérgio, me convidou para assumir o departamento de comunicação. Após muito pensar, acabei assumindo a responsabilidade. Lembrando que ainda utilizava as muletas devido ao acidente.

 

As dificuldades eram enormes, pois acompanhar o ritmo de um órgão público (do tamanho de Jacarezinho) com as muletas era muito difícil, mas eu fazia o possível (e muitas vezes o impossível). Só que precisamos entender que a vida é feita de escolhas. Eu escolhi estar ali e acabei deixando o blog de lado (não parei com ele, apenas adormeceu)

 

Fiquei três anos e meio na Prefeitura. Aprendi muito e conheci pessoas que agregaram muito para a minha vida (algumas me deram exemplos bons e outras o que não seguir). Assim devemos levar a vida. O que for bom, precisamos agregar em nossa vida. O que não for bom, precisamos tirar a lição e verificar o que podemos mudar para o futuro. Em junho de 2016 tomei uma decisão. Voltaria a dedicar meu tempo ao BLOG. 



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ARTIGO 25: A criação do blog

 

Tudo na vida é questão de perspectiva. Para a minha pessoa que estava naquele momento na transição de uma cama hospitalar para uma cadeira de rodas (que foi adaptada para não precisar dobrar o joelho, pois ainda não conseguia) um minuto parecia uma eternidade.

 

A recuperação do acidente daquela proporção é delicada. Fazia sessões regulares de fisioterapia na Clínica da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Diz que o pensamento se torna mais forte e ainda faltava algo para (no meu pensamento) as coisas estarem no caminho certo: VOLTAR A ESCREVER.

 

Antes do acidente sempre tive aquele momento de escutar algo e já pensar em transformar numa notícia. Mas o trabalho de assessoria estava fora de cogitação naquele momento, pois não conseguiria acompanhar as pessoas inloco.

 

Numa conversa com o empresário Celso Schmidt em Santo Antônio da Platina ele questionou. ‘Por que não cria um blog de notícias?”. Lembrando que estamos falando do ano de 2011, com vários aplicativos que existem hoje, nem inimagináveis na ocasião.

 

Comecei a pesquisar mais sobre o assunto. E pouco tempo depois resolvi criar o Blog do Marcos. Com um formato diferente e com poucas notícias, pois o contato tinha que ser por telefone ou pelo famoso MSN (os mais velhos irão lembrar).


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ARTIGO 24: Um dos causos do ‘Seu Antônio’

 

Este era um artigo que já tinha pensado e muito em escrever. Mas ele sairia bem lá para frente. Só que o destino fez com que ele fosse escrito agora, devido ao falecimento, no último dia 01 de abril, do ‘Seu Antônio’ para alguns, mas para mim simplesmente ‘Vô’.

 

Meu avô sempre foi uma pessoa que não utilizava a internet, mas conseguia encontrar uma pessoa pela famosa lista telefônica. Não acredita? Eis que conto uma façanha. Acho que uma das maiores já vista (por mim) sem acesso pela internet.

 

Há alguns anos fui para Morretes visitá-los (ele e minha Vó Marina). Junto comigo foi um casal de amigos de longos anos (o Caio e a Suelen). Lembrando que ele morou muitos anos na juventude no Norte Pioneiro. Após um tempo conversando, eis que começam as perguntas tradicionais que ele fazia para conhecer mais as pessoas.

 


No bate papo com o Caio na noite de sábado, descobriu que o avô paterno dele havia trabalho junto com ‘Seu Antônio’ na época da antiga SUCAM. Era manhã de domingo, o relógio não marcava nem 6 horas. A casa em silêncio, eis que escuta o telefone girar aquela rodinha (ele tinha um telefone assim) e enfim um ‘Aloooouuuuuu’ (tradicional dele).

 

A frase a seguir foi simplesmente: “Você não me conhece. Eu não te conheço. Mas estou com seu neto em minha casa”. Ficamos sabendo depois da viagem que do outro lado da linha, a avó do Caio deu um grito, o pai dele veio correndo ao telefone achando que era sequestro.

 

Após o susto, ele conversou por longos minutos com o amigo daquela época, relembrando o passado. Mais tarde, sentado na área, o questionei como havia encontrado o telefone, se ele não havia pedido e nem falado o número. Eis que ele levanta, vai para dentro da casa e volta com umas listas telefônicas dizendo que procurou pelo nome e endereço.

 

Este é apenas um dos inúmeros causos que o ‘Seu Antônio’ proporcionou a todos que viveram com ele. Comigo foram vários momentos (além de avô paterno, era meu padrinho) que deixarão saudades do seu jeito alegre e divertido de levar a vida.



*Esta é uma singela homenagem ao meu avô!


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ARTIGO 23: O sorriso de ficar em pé após 14 meses

 

Alguns dias depois do primeiro passo dado na piscina de hidroterapia (LEMBRE AQUI), a vontade de pelo menos ficar em pé era enorme. Como fazia as sessões de fisioterapia no Centro de Ciências da Saúde (CCS), sempre que chegava olhava as ‘tals’ barras de apoio.

 

Mas sempre ouvia a frase: “Ainda não é o momento”. Mas aquele dia estava determinado que era o momento. O MEU MOMENTO. Existe um pensamento que precisamos estar determinado para algo dar certo e eu estava com todos os pensamentos positivos possíveis.

 


Não posso deixar de agradecer a uma pessoa neste momento. O Felipe Bernardelli que naquela ocasião era meu fisioterapeuta e deu todo o apoio e sustentação possível para aquele momento.

 

Já viu aqueles filmes que existem duas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Para quem olhava de fora era apenas uma pessoa em pé na barra sem mexer um ponto do corpo. Só que para a pessoa mais importante, que era eu naquele momento, o mais importante era conseguir ficar em pé.

 

Haviam passados mais de 14 meses do acidente e a sensação de apenas ficar em pé segurando a barra era algo formidável. Lembre sempre a história do sapinho contado no artigo anterior. Precisamos ouvir menos o que as pessoas em nossa volta falam e focar mais em nossos objetivos.

 

 

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ARTIGO 22: O medo do primeiro passo

 

Existe uma história bem simples que escutei uma vez e sempre tive em mente. Nela conta que um sapinho com o recurso da audição baixo estava subindo num local bem alto. Era difícil, mas ele olhava para baixo e via os outros sapos gesticulando. Aquilo lhe dava mais força e conseguiu chegar até o ponto mais alto.

 

Lembre é uma história (sapos falam e gesticulam). Quando voltou para terra firme, um dos outros sapos perguntou como ele havia conseguido. Pois ninguém nunca tinha feito aquela façanha e todos ali embaixo diziam que ele iria cair e era uma loucura. Surpreso, ele respondeu que naquela altura via os outros fazendo sinais e imaginavam que estavam dando força para continuar.

 

A moral? Precisamos ouvir menos o que as pessoas em nossa volta falam e focar mais em nossos objetivos. Mas qual o motivo da pequena história? Pelo fato de que numa época não tão distante o médico havia me falado que andar seria algo muito difícil. Mais de um ano depois do acidente eu estava ali na cadeira de rodas olhando a piscina da hidroterapia.

 

Naquele local iria dar o primeiro passo, mas o medo ainda era muito grande. Foram minutos que pareceram horas até tomar a coragem de sentar na borda da piscina e ficar em pé. A sensação era maravilhosa. O peso é totalmente menor dentro da água e ajudaria a fazer o movimento dos passos.

 

Como diria um pensador francês Jean Cocteau: “Ele não sabia que era impossível. Foi lá e fez”. Neste ponto é necessário entender que precisamos superar todos os medos para que possamos ter resultados diferentes. Pois o primeiro passo havia sido dado, mas para o segundo teríamos muitas outras dificuldades.


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ARTIGO 21: Você não voltará a andar

 


Depois de 21 dias em coma e 75 dias internado no Hospital Universitário de Londrina (HU) devido ao acidente de carro a frase que mais ainda me pegava era aquela: "Você não voltará a andar. Pois as fraturas foram muitas".

Foram aproximadamente seis meses numa cama hospitalar. Depois deste período, consegui ir para uma cadeira de rodas adaptada. Falando numa frase bem coloquial: Normalmente uma perna em seu joelho tem a curvatura de 135 graus (pelo menos foi o que me contaram no Hospital).

O meu estava incrivelmente em 10 graus. Sim. 10 graus de curvatura. Ou seja, não conseguia dobrar em nada. E o maior receio era que aquilo jamais mudaria.
Só que precisamos ter algo chamado fé. Apesar do acidente ter sido terrível, eu ainda estava ali. VIVO. Disposto a lutar todos os dias.

Esta é a foto do carro após o meu acidente


Comecei o tratamento de fisioterapia na clínica do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). As sessões eram constantes e sinceramente dolorosas (as vezes para o bem maior acabamos passando por obstáculos no caminho). Pois devido ao tempo que fiquei numa cama hospitalar (quase nove meses) muitas partes do meu corpo haviam se atrofiado.

Os joelhos já chegavam a mais de 70 graus de curvatura e veio uma das informações que mais esperava. Pela primeira vez para piscina de hidroterapia, pois a intenção seria ficar em pé novamente na água quente.

Diariamente temos que enfrentar um dia de cada vez. Parece clichê né? Mas pense. Para chegar ao longe, temos que dar o primeiro passo. Aquilo ainda parecia distante. 


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ARTIGO 20: A partida do 'Quarto da IDA"

 

“Zona de Conforto”: tá aí algo que devemos evitar! Independentemente da situação em que nos encontramos – seja boa ou ruim – uma vez nessa zona, dificilmente vamos querer alguma mudança. A mudança requer coragem, e a comodidade de permanecer lá acaba por representar o nosso maior medo. Só de imaginar sair da nossa zona de conforto já nos faz ter aquele gelo no estômago e nos faz refletir e no final das contas, acabamos por evitar tal mudança. Só que, como diria o ditado: “Quem parado está, atrasado fica!”


É justamente nessa zona de conforto em que eu me encontrava na manhã de 28 de setembro de 2010 (75 dias de internamento) - LEMBRE O ACIDENTE. Apesar da situação ruim que vivenciava, estava estabilizado e sabia o quão pior poderia estar. Imbuído nesse espírito de conforto, o médico chegou com vários laudos nas mãos e veio me dar duas notícias: Uma seria bom e outra não tão animadora assim.


Todos já viram uma cena dessa nos filmes, onde o personagem tem que escolher qual notícia quer receber primeiro. No meu caso, eu optei por ouvir a notícia ruim. Enfim, a má notícia era simplesmente: “Marcos, você tem menos de 5% de chances de voltar a andar”. Grosso modo, tais chances se deviam ao fato de até aquele momento já ter me submetido a 12 (doze) cirurgias nas pernas e ainda estar preso a um leito hospitalar.


Por outro lado, a “boa” notícia era que eu estava de alta! Poderia ir embora, sair dos limites do Hospital Universitário, viver a minha vida, recomeçar de novo. Mas... Lembram da tal zona de conforto? Pois é, sair do hospital para mim era justamente sair dela, pois ali eu estava assistido pela equipe médica e tinha toda uma infraestrutura à minha disposição. Logo, eu não queria ir embora de jeito nenhum! O medo de ter mais dores e a minha dependência eram os maiores obstáculos.


Fiquei o dia inteiro olhando para o teto e pensando sobre o que seria de mim dali para frente sem o apoio de todos os profissionais que tanto me ajudaram nesses 75 dias de luta. Mas aí uma coisa me deu forças! Lembrei que sou movido a desafios e a remota chance de eu voltar a andar (menos de 5%) me instigou a seguir em frente e encarar o desafio. Existe um adágio antigo que sempre me fascinou: "Não sabia que era impossível. Foi lá e fez!". Penso que devemos levar nossa vida exatamente com esse espírito!


Enquanto os preparativos do meu transporte eram feitos, preparando a mudança da cama hospitalar para a maca da ambulância, me veio um pensamento que me fortaleceu mais ainda e me deu forças quando eu mais precisava. Naquele momento me dei conta de que eu estava indo embora VIVO do “QUARTO DA IDA”, (LEMBRE A CHEGADA) o que era suficiente para eu agradecer a Deus e seguir em frente.


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ARTIGO 19 – Mas não era o Marcos? – Parte 6

 

A maca ia em rimo acelerado pelos corredores do Hospital Universitário de Londrina. Após alguns dias de greve dos médicos, as cirurgias eletivas voltaram a ser realizadas (LEMBRE AQUI), ainda não em ritmo normal. Imagino, que da greve resultaram algumas exclusões do quadro médico, desfalcando o time.

Dei entrada no Hospital em 16 de julho daquele longínquo 2010. Àquela altura, já marcava no calendário o mês de setembro. Apesar dos quase 3 (três) meses de internamento, ainda teria um longo caminho a percorrer, visto que faltavam algumas cirurgias a serem feitas, sendo as dos dois joelhos e a do fêmur as mais complicadas.

À época a Unidade de Tratamento Intensivo – UTI, o HU de Londrina passou por um surto alarmante de infecção decorrente da bactéria multirresistente “Klebsiella KPC”. Na ocasião foram afetados o Pronto Socorro, a Maternidade e a UTI. Como sou um cara de muita sorte, fui um dos contemplados que acabou contraindo essa bactéria.

Voltando àquela noite de setembro, a maca chegou na porta do Centro Cirúrgico e enquanto esperávamos a sua abertura, os enfermeiros consultavam os exames de raios-x que estavam numa pasta consigo. Não sei se era o efeito do pré-operatório que já começava a fazer efeito, mas um jurava que a chapa do meu exame parecia mostrar dois buracos de balas no meu peito.

A pergunta que eu queria fazer, a médica nos recebeu a fez. Ela olhou para a maca, depois para o raio-x e para os enfermeiros e indagou: “Não era o Marcos que vocês iriam trazer? Já fiz várias cirurgias nele e em nenhum momento ele apresentou algo de errado no peito”.

Os enfermeiros explicaram que com o retorno das cirurgias eletivas, já estavam levando todos os exames dos pacientes agendados para aquela madrugada, o que acabou por misturar meus exames com o de um outro paciente, que nesse caso específico havia sido baleado. Fiquei muito aliviado em saber que não havia tomado dois tiros no peito. rs

Depois de um tempo refletindo, me pego imaginando a médica saindo da sala de cirurgia e dizendo: “Olha, Marcos, a cirurgia foi um sucesso! Mas, não encontramos as balas. De qualquer forma, está tudo certo! Rs”. Brincadeiras e divagações a parte, mas essa cirurgia representou a conclusão de mais uma etapa naquele suplício!

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ARTIGO 18 - A entrevista que adiou minha cirurgia - Parte 5

 


Ao melhor estilo parafraseando Racionais na música "TIC... TAC... O Relógio no Hospital anda em Câmera Lenta", depois do episódio do rapaz que queria “matar o bicho” e ter de ser contido pelas enfermeiras, as coisas só foram se prolongando e o tempo simplesmente parecia não andar.


Já havia se passado mais de 40 dias dentro do Hospital. A agonia era imensa. Eu ainda precisava ser submetido a mais duas cirurgias para terminar essa fase do meu angustiante tratamento, no caso, as cirurgias para corrigir os dois fêmures que tiveram fraturas expostas. Eis que em um belo dia, no meio de uma tarde, o médico vem e me dá a tão esperada notícia: "Vamos fazer a cirurgia amanhã na parte da tarde. Provavelmente dê para fazer as duas pernas".


A notícia me proporcionou uma animação irradiante. No dia seguinte, dia da cirurgia, o relógio nem marcava 6h30 e eu já estava iniciando o pré-operatório sendo mantido em jejum e submetido a outros procedimentos necessários. Enfim terminaria minha agonia na mesa de cirurgia.


O relógio apontava meio dia. Do outro lado da quarto havia uma televisão que sempre estava ligada (o que mais eu assistia era o seriado “Todo Mundo Odeia o Chris”) e iria começar o jornal. Comecei a assistir às notícias e sabia que logo seria encaminhado ao centro cirúrgico. 


Para minha surpresa, a primeira manchete dava conta sobre uma greve realizada por médicos universitários. De imediato pensei: “nossa que dó dos pacientes”. Quando menos espero, o apresentador diz: "Vamos direto para Londrina, onde os médicos estão realizando uma paralisação".


Naquele momento passei a prestar mais atenção no que o aparelho televisor me noticiava. Ainda era tudo muito confuso para mim, pois não conhecia o hospital pelo lado de fora e não reconhecia a estrutura que estava diante dos meus olhos na TV. 

Na sequência, o repórte passa a entrevistar um dos grevistas; um médico que não me era estranho, alguém ligeiramente familiar. Foi quando me dei conta e identifiquei o entrevistado/grevista como justamente o profissional que iria fazer minha cirurgia naquela tarde. "Neste momento estamos realizando uma greve. Continuaremos realizando todos os atendimentos de urgências e emergências. Mas as cirugias eletivas (dentre elas, a minha) estão suspensas".


Aquilo caiu como uma bomba sobre a minha cabeça, eu fiquei sem chão! Sabe aquela criança que acabou de perder um doce? Era essa a sensação que eu tinha e a minha fisionomia naquele momento indicava essa frustração. Essa indefinição resultou em mais alguns dias deitado no leito de hospital sem saber ao menos quando a famigerada greve iria acabar para que eu pudesse ser operado e seguir a minha vida fora do ambiente hospitalar.


CONTINUA


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ARTIGO 17 - A chegada ao quarto da 'IDA' - Parte 4

 

Depois de 21 dias em coma (LEMBRE AQUI) e mais alguns de recuperação na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) estava na hora de ir para a ala masculina. Cheguei ao quarto 4 apenas conseguindo ter a movimentação no pescoço. Não é oficial, mas na época, diziam que a numeração do quarto iria conforme a gravidade da situação. Aos poucos, eu ia mudando e subindo a numeração.


Alguns dias depois, já estava no quarto 11. Mais conhecido nos comentários de corredores, da época, como o quarto da IDA (Deve-se entender o fato. Ou ir para a casa ou para outro local nada agradável). A situação era bem complicada. Pois estava com uma tração na perna (aquele peso que fica pendurado) para ela voltar ao local de origem. Já haviam sido feitas várias cirurgias e para suprir a dor até morfina foi utilizado.


Acontecem fatos durante a 'estadia' que parecem inacreditáveis. Uma delas. Um outro paciente foi colocado em minha frente (o quarto era amplo). Ele havia tomado alguns tiros e estava a base de remédios para suportar a dor e delirava na madrugada com algumas palavras.


Eis que ele acorda no meio da madrugada com os braços amarrados (devido aos tubos que levavam soro, sangue, entre outros aos corpo dele). Olha em minha direção e fala. "Mano. Fica quieto que eu vou matar o bicho que está subindo na sua cama". Lógico que não foi nessa sintonia e nem clareza, mas sim nesse sentido. 


Sabe aquela sensação de segundos, que parecem minutos? Pois bem, não conseguia entender qual bicho que era. Mas só escutei a cama dando uns pulos pela agitação dele e começando a se aproximar (milímetros) em minha direção.


Falei. "Aonde está esse bicho?". Eis a resposta que eu menos esperava. " Está entrando na sua perna". A cama dá mais um pulo e mais uns milímetros em minha direção. Lembra da tração? Eis que me toquei que ele estava falando dela que mantinha minha perna no local (ela estava fraturada e mais para cima).


Naquele momento não tive dúvida. Olhei com uma cara de dono da razão para a situação. Ele ainda estava na sua jornada para matar o bicho. Estufei o peito e respirei fundo. E fiz o que qualquer herói naquela situação de perigo faria. Com todo o ar que tinha no meu pulmão gritei. ENFERMEIRAAAAAAAAAAAAAAA



CONTINUA


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