Vereadores protestam contra corte de gratificações de servidores



Os vereadores de Santo Antônio da Platina ameaçaram não aprovar um suposto Projeto de Lei (PL) que retiraria dos servidores municipais pagamentos de gratificações e horas-extras. O Executivo enviaria o PL para votação na Câmara para cumprir uma recomendação do Ministério Público (MP).
“Eu não aprovo essa lei. Pode vir prefeito, governador, presidente, Papa, que eu não aprovo. Servidores precisam ganhar bem”, bradou o vereador José Jaime da Silva, o Mineiro (PSB). Seu colega, Aguinaldo do Carmo (PSC) concorda. “A gratificação é ilusória, não será levada em consideração quando o servidor se aposentar, portanto é preciso incorporá-la ao salário”, afirmou. “Por isso é preciso que o prefeito faça um estudo para saber qual será o impacto dessas incorporações na folha de pagamento para não comprometer o limite de gasto com servidores”, ponderou.
Mas o prefeito Pedro Claro de Oliveira Neto (DEM) alega que trata-se de uma determinação do MP que vai ser cumprida. “Nós não trabalhamos à margem da lei e vamos nos adequar a ela”, afirmou. Para isso, já foi solicitada a elaboração de um plano de cargos e salários para todos os servidores municipais que vai adequar os salários à realidade do mercado e garantir que não haja prejuízos para eles. Este plano deve ser apresentado em 90 dias. Até lá, não haverá alteração em relação a folha de pagamento que corresponde a 51,5% da arrecadação mensal do município. “Estou no limite e não posso contratar nem aumentar o salário dos servidores, mesmo precisando de mais gente para trabalhar”, pontuou.
A lei determina que as prefeituras não ultrapassem 54% da arrecadação com pagamento de folha salarial e só permite a complementação de salário por meio de gratificações em casos especiais. O MP já exigiu o cumprimento da lei em Cambará, onde o prefeito João Mattar (PSB) enviou, no início de fevereiro, um PL à Câmara extinguindo pagamento de das gratificações irregulares e horas extras acima do limite de 50 horas mensais. Em Cambará havia servidor que recebia por 250 horas extras no mês.
Segundo o chefe do departamento pessoal, Clariovaldo Paes Paschoalino, a solução encontrada pelo prefeito foi limitar o pagamento das horas extras até o máximo permitido por lei e substituir as antigas gratificações pela chamada Tempo Integral de Dedicação (TID) que tem respaldo legal. Mesmo assim, Paschoalino diz que uma empresa já foi licitada para desenvolver um projeto de realinhamento de cargos e salários a fim de resolver o problema definitivamente. A prefeitura gasta 49% da arrecadação mensal com o pagamento da folha salarial dos 730 servidores.
O presidente da Associação dos Municípios do Norte Pioneiro (Amunorpi), Guilherme Cury Saliba Costa (PSD), prefeito de Tomazina, afirmou que a orientação do MP será tema da pauta na próxima reunião da entidade. Para ele, não há uma fórmula que sirva para todas as prefeituras. “Cada prefeito vai ter que encontrar uma solução que atenda as necessidades do município. Em Tomazina o pagamento da folha salarial corresponde a 43% da arrecadação mensal e há poucos cargos comissionados”, comentou.
Resposta do prefeito
“O prefeito não quer trabalhar”, afirmou na noite de segunda-feira, 15, durante sessão ordinária da Câmara dos Vereadores o vereador José Jaime da Silva, o Mineiro (PSB). Ele disse que os prefeitos que administram os municípios vizinhos estão fazendo um ótimo trabalho e que Pedro Claro não faz porque não quer. Disse também que a prefeitura já deveria ter providenciado a compra de máquinas para acelerar a manutenção das ruas e estradas rurais do município.
O presidente da Casa, Sebastião Santinho Vitral dos Santos Furtado (PMDB) afirmou que há financiamentos específicos para a aquisição de máquinas. “Não é tão simples assim. Uma máquina custa em média R$ 500 mil, como vou comprar dez ou mais de uma vez? É preciso administrar com responsabilidade, o dinheiro para a aquisição de máquinas precisa constar no orçamento. Não havia muitas máquinas quando eu assumi em janeiro e muitas estavam estragadas. Para consertar uma máquina dessas é preciso levá-la para Curitiba, onde há mão de obra especializada”, justificou.
Já o vereador Valdir Domingos de Souza, o Valdir do Foto (PSB) lembrou a necessidade de a prefeitura adquirir um terreno para a construção de 800 a mil casas populares por meio da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar). “É só a prefeitura arrumar o terreno que a Cohapar constrói as casas”, disse o vereador.
“Não é só adquirir o terreno. É preciso entregá-lo com toda a infraestrutura necessária para a construção das casas e o município precisa pagar a contra partida desses projetos. Além disso, o mutuário precisa pagar uma mensalidade de aproximadamente R$ 300 e é necessário saber se há mutuários com condições de arcar com esta despesa mensal”, explicou.
O prefeito também disse que nestes pouco mais de 100 dias à frente do Executivo pagou todas as dívidas herdadas da gestão anterior, colocou em dia o pagamento de parte dos salários dos professores e o 13º da categoria.
“Fazemos uma administração com os pés no chão. Temos, sim, muitos projetos para serem explorados no decorrer da minha gestão, mas a prioridade era colocar a casa em ordem e isso foi feito”, afirmou. “Não administro para fulano, cicrano ou beltrano, mas para os mais de 42 mil habitantes do nosso município”, finalizou.
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