Vítima de meningite tem vida vegetativa há 19 anos



Santo Antônio da Platina - Uma família de Santo Antônio da Platina está pagando um 'preço' alto por uma decisão equivocada do poder público. O caso, que se arrasta por quase 20 anos, já foi comprovado em vários processos na Justiça. Na época, em 1994, quatro municípios da região foram declarados áreas de risco de uma epidemia de meningite, entre eles Santo Antônio da Platina, mas a prefeitura local não tomou as providências necessárias para a vacinação da população.
Sem imunidade, uma menina com nove meses contraiu a doença, sofreu paralisia cerebral e teve sequelas irreversíveis. Hoje, ela vive em estado vegetativo, necessitando de cuidados permanentes, o que mudou por completo a rotina de seus pais, Sandra e Paulo Alves da Silva. O casal não faz outra coisa a não ser lutar de todas as formas possíveis para manter a jovem viva. O primeiro reflexo da doença aconteceu no bolso. Paulo trabalhava como açougueiro, mas não teve como permanecer no emprego porque precisava dedicar cada vez mais tempo para cuidar da menina. Até que um dia, o patrão deu um ultimato: ''Seu Paulo, ou o senhor cuida de sua filha ou trabalha''. Sem hesitar, ele optou pela filha.
Por não conseguir emprego na cidade, Paulo foi trabalhar em Jacarezinho, onde não ficou muito tempo, mas lá acabou descobrindo a causa da paralisia cerebral de sua filha: a falta da vacina contra o vírus da meningite. Até aquele momento, ele desconhecia a origem do problema. O casal não sabia que iria encontrar tanta dificuldade. Paulo e Sandra dividiram as tarefas. Durante o dia, enquanto ela se dedica a ficar com a filha, Paulo luta junto aos poderes constituídos. Desde o começo, ele documenta tudo e procura seus direitos na prefeitura, no governo do Estado e na Justiça. 
Paulo também esteve no Palácio Iguaçu quando o governador era Roberto Requião. Sem se preocupar com a repercussão do caso, ele entrou no Palácio, levando a menina no colo. E foi atendido. A família ganhou uma casa em um conjunto na periferia de Santo Antônio da Platina. Paulo lamenta que o imóvel foi doado, mas não está em seu nome.
O casal ficou isento do pagamento da conta de energia elétrica, responsabilidade que passou para a prefeitura local. Mas uma surpresa aconteceu em fevereiro deste ano. Eles receberam uma notificação da Copel de que o benefício havia sido suspenso e, pior, deveriam pagar todos os "atrasados''. A dívida passa de R$ 20 mil, o que para a família é uma fortuna. O fornecimento de energia não foi interrompido. A sobrevivência deles depende das doações de alguns amigos e alguns empresários da cidade.
No mês passado, a menina ganhou uma cadeira de rodas especial que havia sido solicitada há quatro anos. A cadeira foi doada pela prefeitura por determinação da Justiça. Ela é adaptada para carregar um tubo de oxigênio e um aparelho que mede a dosagem necessária de oxigênio, caso a menina venha a sentir falta de ar. Agora, a vontade de Paulo é passear com a filha no centro da cidade, mas para isso a prefeitura ainda precisa recuperar trechos da calçada.
UTI em casa
Por causa da imobilidade da menina, o casal precisa ter uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) permanente na residência. De tanto batalhar, Paulo conseguiu viabilizar verba para a construção e compra dos equipamentos. Ele chegou até reservar um espaço no quintal para que a unidade fosse construída. Oficialmente a UTI está pronta, mas na prática nem o projeto existe. Paulo suspeita que o dinheiro destinado para esta obra tenha sido desviado.

FONTE: Eli Araújo – Caderno Norte Pioneiro – Jornal Folha de Londrina
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