Na sexta-feira (02) participei a convite da organização, em Foz do
Iguaçu, do VIII Congresso da Associação de Direito Público do Mercosul e
VII Congresso Sulamericano de Direito Administrativo, onde proferi a
palestra “Desafios da Governança no Brasil – Como sair da Crise?”
Quando recebi o convite do professor Emerson Gabardo, havia acabado
de retornar da China, onde participei de um Seminário sobre o tema,
tendo voltado para o Brasil impactado com tudo que vi e aprendi por lá.
E é muito interessante conhecer a China, onde a palavra de ordem é
crescimento – para todos – e comparar com o Brasil, que nos últimos
tempos apresenta um fenômeno onde a classe média “tradicional”, que já
foi mais progressista, e se transformou numa tropa de choque na defesa
do ponto de vista dos mais ricos e passou a odiar a população mais pobre
que começou a ganhar poder aquisitivo, que o ex-presidente Lula chamou
de “nova classe média” e a reação que teve por causa da ascensão de
políticas públicas que incluíram socialmente.
É incrível, mas o Brasil é o único país onde a classe média fica ao
lado de quem é detentor do poder econômico, acarretando o fenômeno da
guerra entre “nós e eles” “coxinhas e mortadelas”. Se houvesse
aproximação com a classe mais pobre, como é na Europa, todos poderiam
ter um crescimento sustentado e não a discrepância de que 5 bilionários
concentrando a fortuna equivalente à renda de metade da população mais
pobre.
Nesse sentido sempre digo que a governança exerce um papel
fundamental, direcionando e monitorando a gestão das diversas políticas
públicas colocadas em prática para atender às demandas da população,
utilizando-se de um conjunto de instrumentos e ferramentas adequadas.
O país vive hoje um grande distanciamento entre política e sociedade.
Para superar a desconfiança, vejo como única solução a democracia.
Acredito firmemente que quem ouve o povo, erra menos. Quem governa de
costas para o povo não tem legitimidade, nem se sustenta.
Assim, devemos sempre considerar e partir do pressuposto que o líder
maior (prefeito, governador, presidente) deve dominar todas as questões e
temáticas envolvidas na gestão, traçando rotas e planejando ações de
curto médio e longo prazo, a partir das demandas sociais.
O Brasil é um país continental, então, sempre se torna mais difícil
qualquer processo de planejamento e de crescimento igualitário. Mas não
impossível. Sabemos que os desafios são imensos, mas que se conseguirmos
que a integração nacional seja feita por meio do enfrentamento do
desequilíbrio de desenvolvimento regional e sustentável e da equiparação
entre as regiões, tratando os desiguais de maneira desigual, com ações
básicas para fortalecer a economia e a geração de emprego e renda, já é
meio caminho andado.
O restante deve ser coordenado com a democracia participativa e as
reformas necessárias para enfrentar a desigualdade social, seguramente, o
maior problema que nosso país tem.
A deterioração das condições de vida da maioria da população
brasileira envenena a vida política e invade todos os espaços de
convivência social.
Mas como construir um caminho para sair da crise? E como superar os
problemas estruturais que tornam inaceitável a situação presente,
especialmente em relação ao salário baixo e desemprego?
A governança é a resposta para todas essas questões, e temos que
fazer o processo de gestão pública se tornar o mais eficiente possível.
Para isso é necessário superar alguns desafios históricos, dentre eles,
investir em infraestrutura em todas as regiões do país, de maneira que
possamos gerar efetivamente as mesmas oportunidades de crescimento
econômico e social, melhorando a oferta da educação, saúde, segurança e
mobilidade urbana. Além disso é preciso manter a estabilidade monetária,
sem a hipocrisia de fingir que os últimos 3 anos não tiveram impacto no
país – que se por um lado se escancarou a questão da corrupção, por
outro paralisou alguns dos setores industriais mais importantes, dentre
eles a cadeia produtiva do Óleo e do Gás e Construção Civil Pesada –
acarretando a maior recessão da história do Brasil – redução de 8,6% no
PIB nacional.
Está na hora de retomarmos a construção de uma nova estrutura
econômica, que deve ser pautada na tão desejada estabilidade – que só é
possível por meio da democracia de fato e de direito.
Esse assunto foi amplamente discutido nesse final de semana, no
Congresso Nacional do PSB, que participei como delegado e que dentre
outras pautas, trabalhou com militantes de todo Brasil os pilares
fundamentais para um projeto nacional de desenvolvimento, a saber:
1. Universalização da educação de qualidade
2. Investimentos massivos em ciência, tecnologia e inovação
3. Ampliação e fortalecimento da economia criativa
4. Reordenamento do Estado
5. Reforma fiscal e novo federalismo
6. Recuperação e ampliação da infraestrutura
7. Fortalecimento das políticas sociais de Estado
Para que esse projeto possa se concretizar, devemos progredir nas
reformas política, tributária e da previdência (não a do Temer, onde
cabeças de ricos estão pensando a reforma para pobres), bem como na
revisão do pacto federativo – distribuindo melhor os recursos que são
arrecadados, garantindo que as mesmas sejam para promoção de benefícios
para todos os brasileiros.
E quando nos depararmos com desafios que parecem instransponíveis – é aí que devemos erguer a cabeça e avançar.
Quando falamos em avanço, nesse contexto de boa governança, falamos em melhorar a qualidade de vida da população.
Só podemos avançar enquanto país se pudermos ter melhor distribuição
de renda, se pudermos diminuir a quantidade de pessoas que vivem na
pobreza e na miséria e se pudermos contar com a participação da
população na tomada de decisão.
Lembrando sempre que não somos derrotados quando perdemos uma batalha, mas sim, quando desistimos dela.
E como dizia Eduardo Campos: Não vamos desistir do Brasil!
Boa Semana! Paz e Bem!
*Luiz Cláudio Romanelli é deputado estadual e Líder do Governo na Assembleia Legislativa
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