Bandas de rock sobrevivem ao meio do sertanejo

Meia dúzia de amigos em um bar onde um jukebox (aquelas máquinas onde você coloca uns trocados e escolhe qual música irá tocar) é o responsável pelo som ambiente. O sertanejão rolando indiscriminadamente até que um entre essa meia dúzia se levanta, vai até a máquina e com R$2 coloca quatro músicas. O “problema” é que as canções escolhidas destoam do ouvido até então: são quatro rock’n rolls. Pronto, quatro músicas são capazes de gerar um desconforto geral no recinto.
O dono do bar vai até o jukebox e diminuiu o volume (com a desculpa esfarrapada de que a música alta atrapalha a faculdade, porém depois de acabar a sequencia de rock o som volta a ficar alto), e a outra dúzia de pessoas presentes no bar fica de cara feia enquanto a voz de Eddie Vedder exala das caixas de som.
O detalhe fica por conta de que, a meia dúzia, enquanto ouvia o sertanejão oriundo do gosto musical da uma dúzia, não fazia cara feia. A dúzia, assim que começou o rock, fez cara feia e foi reclamar. Quem, nesse cenário, pode ser classificado como intolerante e avesso às diversidades culturais? Pois é.
Um dos bravos resistentes que integra esse bloco de músicos é o estudante de filosofia Renan Baggio, morador de Ribeirão Claro e vocalista da banda Funky Monks e baixista da Império do Rock, que reclama da falta de oportunidades e visibilidade para o rock em toda região. “Se dependesse disso para sobreviver, estaríamos mortos. Até meu pai falou outro dia que eu tinha ganhado muito, se referindo a um cachê de R$100”, brinca.
Renan também cita a escassez de oportunidades para as bandas se apresentarem. “O público é pequeno mesmo, são raros eventos que apostam em uma banda de rock e os eventos que têm voltados para o rock não são dos maiores”, reclama. “Tocar rock na região hoje é extremamente complicado, infelizmente. E quem está começando acaba se sujeitando a tocar em qualquer lugar e por qualquer preço”.
FESTIVAIS
Uma das raras opções para as bandas tocarem sem ter divergências com o público são os festivais de rock, que de tempo em tempo aparecem, sendo realizados em boa parte dos municípios da região. O problema, porém, é o público, como já dito anteriormente, reduzido. “Se prestar atenção dá até para citar nome por nome de quem frequenta esses festivais. Com raras exceções são sempre as mesmas pessoas. Não que isso seja ruim, mas não há um grande interesse das pessoas em ir e conhecer um som diferente daquilo que costumam ouvir”, explica Renan.
Outra boa opção são os encontros de motocicletas, sempre embalados por bandas de rock, e que, embora com público mais específico, sempre tem o gênero musical muito bem aceito.

FONTE: Lucas Aleixo / Jornal Pérola do Norte
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