Credibilidade: o calcanhar de Aquiles da Polícia

Rogério Antônio Lopes
Credibilidade é a qualidade daquilo que é crível, ou seja, algo em que se pode acreditar. Como conceito subjetivo e “volátil”, a credibilidade é construída ou “desconstruída” de acordo com o comportamento do protagonista.
Existem situações e atitudes que faz com que pessoas, empresas e órgãos do Estado tenham mais ou menos credibilidade. 
No trabalho policial a credibilidade é fator de fundamental importância, porém, deve ser conquistada cotidianamente através de atos e comportamentos.
A chamada “fé pública” inerente à função do servidor público, por si só não deve ser elevada ao pedestal da indiscutibilidade, primeiro porque ao servidor público cabe dizer a verdade como a qualquer cidadão e segundo porque mesmo representando um órgão do Estado o sujeito não deixa de ser “gente”, com seus valores éticos e morais. Fé pública então serve apenas como indício de credibilidade.
A credibilidade da polícia perante a comunidade é um fator determinante na qualidade e no resultado do trabalho por ela desenvolvido, note-se que muitos crimes “importantes” e de significativa repercussão, só foram resolvidos graças à participação da comunidade, ou seja, pessoas que percebendo ou vendo algum comportamento fora do padrão, tratou logo de informar a polícia, possibilitando a identificação do autor do delito.
Para que haja essa interação da polícia com a comunidade é imprescindível que a comunidade acredite na polícia, e perceba nela sinais claros que estimulem a confiança.
Por mais que sejam estruturadas e tenham seus quadros ampliados , nenhuma polícia do mundo vai conseguir estar em todos os lugares todo o tempo, por isso a conscientização da importância da participação comunitária é fundamental no trabalho de prevenção e de investigação policial .
Fazer a comunidade acreditar na polícia só depende dela (polícia) e essa conquista deve ser efetivada através de cada policial que com seu comportamento positivo no dia a dia, deve ir convencendo mais e mais o cidadão, fazendo com que ele perceba a mudança do paradigma.
A credibilidade não é um destino mas um estilo de vida e trabalho.
Ou a polícia percebe esse novo paradigma e se adapta a ele o mais breve possível, ou continuará a pontear as pesquisas (juntamente com a classe política) como sendo uma das instituições mais desacreditadas pelo cidadão.
Com isso só ganha a criminalidade que “se fosse organizada” talvez já tivesse tirado vantagem dessa realidade que prejudica a sociedade, fustiga a instituição e impõe ao cidadão a pior espécie de insegurança: aquela que vem do órgão estatal que existe para protegê-lo.

Rogério Antônio Lopes é delegado da Polícia Civil

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